Na segunda-feira após o Domingo de Pentecostes, a Igreja celebra a memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja. A data foi oficialmente instituída pelo Papa Francisco em 2018, por meio de um decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e a escolha do dia não é por acaso: Pentecostes marca o nascimento da Igreja, e Maria, presente no Cenáculo, é reconhecida como sua Mãe espiritual.

Um título antigo com nova celebração

Apesar de recente no calendário litúrgico, o título “Mãe da Igreja” remonta aos primeiros séculos da fé cristã. Santo Agostinho e São Leão Magno já expressavam esse reconhecimento da maternidade espiritual de Maria. Mais recentemente, o Papa Paulo VI, durante a conclusão da terceira sessão do Concílio Vaticano II, em 21 de novembro de 1964, declarou solenemente: “Maria é Mãe da Igreja”. Já em 1980, São João Paulo II incentivou os fiéis a venerarem Maria com este título. Mas foi apenas em 2018, em virtude das celebrações dos 160 anos das aparições em Lourdes, que o Papa Francisco tornou obrigatória essa memória para toda a Igreja.

Mãe de Cristo, cabeça da Igreja. Mãe da Igreja, corpo de Cristo

A reflexão teológica que se faz a cerca desse título está amparada pelo mistério da Encarnação. Se Maria é Mãe de Jesus, e Jesus é a Cabeça da Igreja (Ef 1,22), então, de maneira espiritual e mística, Maria é também Mãe do Corpo de Cristo, que somos nós. Dimensão reforçada pela Constituição Dogmática Lumen Gentium: “A Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo” (LG 63).

Uma vida cristã ancorada na Cruz

Segundo o decreto que institui esta memória, a celebração da Virgem Maria, Mãe da Igreja, “ajudará a recordar que a vida cristã, para crescer, deve estar ancorada no mistério da Cruz, na oblação de Cristo e na Virgem dolorosa, Mãe do Redentor e dos redimidos”. Maria nos ensina, assim, a viver a fé com maturidade, mesmo diante das tribulações.

Oração a Maria, Mãe da Igreja

Na Carta Encíclica Lumen Fidei, o Papa Francisco nos deixa uma comovente oração a Maria:

“Ajudai, ó Mãe, a nossa fé.

Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz.

Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado. Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus.

 

E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo, vosso Filho, nosso Senhor.”

Que a Mãe da Igreja interceda por nós, para que sejamos fiéis discípulos de seu Filho, sustentados pela graça e pelo amor.