“Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras” (Tg 2, 17-18).

Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Nas duas últimas Cartas aos Carismáticos, impulsionados pela ordem dada por Deus ao profeta Jonas e também a nós – “Levanta-te! Vai a Nínive e anuncia-lhes o que te ordeno” (Jn 1,2; 3,2) –, vimos nos aprofundando no Verbo “Anunciar”, indicando tal ação como os atos de testemunhar e de proclamar, respectivamente. Também nesta gostaríamos de debruçar sobre o Verbo “Anunciar”, agora sob a dimensão das Obras. Logo, com esta Carta concluímos as três dimensões básicas do Verbo “Anunciar”: o testemunho de vida, a proclamação verbal e as obras que praticamos em favor dos homens.

Com efeito, as Obras são ações de caridade que exercemos em ajuda ao nosso próximo. Elas apresentam palpavelmente Jesus, o Rosto misericordioso do Pai, que vem ao encontro das necessidades espirituais e materiais dos homens, Seus amados. Constituem um verdadeiro oásis de misericórdia ante o mundo cada vez mais desertificado de caridade, proximidade, compaixão, empatia. Evidentemente, não se trata de fazer coisas boas para obter a salvação, pois esta já nos foi conquistada unicamente pelos méritos do Sangue Precioso de Jesus derramado na Cruz (Ef 2, 8-9), mas sim de praticá-las como uma verdadeira consequência da salvação já conquistada por Jesus e da qual nos apropriamos devidamente. Porque salvos, movidos pela virtude da caridade da qual estamos replenados, aliviamos o sofrimento e vamos ao encontro das necessidades do nosso próximo, para que também ele conheça e usufrua dos benefícios desta salvação. É exatamente neste sentido que o Apóstolo São Tiago vai afirmar que a fé sem obras é morta, é estéril, é ineficaz (Tg 2, 17), isto é, não anuncia ao mundo que a salvação chegou e, por assim dizer, faz com que o próprio crente não viva esta salvação. O mesmo Apóstolo vai vincular as Obras que praticamos ao cumprimento do mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18) e vai afirmar que seremos julgados com a mesma misericórdia que usarmos para com o nosso próximo.

Em seu primeiro discurso à Renovação Carismática Católica como Sumo Pontífice, o Papa Francisco assim afirmou: “O vosso percurso é: evangelização, ecumenismo espiritual, cuidado dos pobres e dos necessitados e acolhimento dos marginalizados. E tudo isto com base na adoração! (…) Aproximai-vos dos pobres, dos necessitados, para tocar na sua carne a carne ferida de Jesus. Aproximai-vos, por favor!” (Discurso do Santo Padre à RCC, em junho/2014). Que beleza! Ancorados num estilo de vida adorador, extravasarmos, transbordarmos Jesus, fazermos Jesus acontecer na vida dos pobres e necessitados. Isto é Vida no Espírito! Isto é Cultura de Pentecostes, a única que pode fecundar e tornar real a Civilização do Amor!

Ainda, invocando os Documentos de Malines, tão caros à Renovação Carismática Católica, o Papa Francisco nos exortou: “O terceiro documento de Malines, ‘Renovação Carismática e Serviço ao Homem’, escrito pelo cardeal Suenens e pelo bispo Hélder Câmara, é claro: renovação carismática é também serviço ao homem. Batismo no Espírito Santo, louvor, serviço ao homem. As três coisas estão ligadas de forma indissolúvel. Posso dar louvor profundamente, mas se eu não ajudar os mais necessitados, não é suficiente. ‘Não havia entre eles necessitado algum’ (At 4, 34), está escrito no Livro dos Atos. Não seremos julgados pelo nosso louvor, mas por quanto fizemos por Jesus. ‘Mas Senhor, quando foi que fizemos isto por ti? Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes’ (cf. Mt 25, 39-40). Compartilhar com todos na Igreja o Batismo no Espírito Santo, louvar o Senhor sem cessar, caminhar juntamente com os cristãos de diversas Igrejas e comunidades cristãs na oração e na ação para com os mais necessitados. Servir os mais pobres e os enfermos, eis o que a Igreja e o Papa esperam de vós, Renovação Carismática Católica, mas de vós todos: todos, todos vós que entrastes nesta corrente de graça!” (Discurso do Santo Padre à RCC, maio/2017).

Na Palavra de Deus lemos que uma das grandes consequências da graça de Pentecostes foi a partilha dos bens e a verdadeira proximidade comunitária uns dos outros. Isso nada tem a ver com viés ideológico ou político-partidário, mas com a ação do Espírito Santo no coração dos homens. Portanto, a vivência da graça de Pentecostes se atesta, de igual modo, pelas Obras que praticamos em favor daqueles que precisam. Nesse sentido, nossa Mãe Igreja extraiu dos Evangelhos 7 Obras de Misericórdia Espirituais e 7 Obras de Misericórdia Corporais para que pratiquemos e cumpramos assim aquilo que o Senhor nos ensinou. São Obras de Misericórdia Espirituais: Ensinar os ignorantes; Dar bom conselho; Corrigir os que erram; Perdoar as injúrias; Consolar os aflitos; Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; Rezar a Deus por vivos e defuntos. São Obras de Misericórdia Corporais: Dar de comer a que tem fome; Dar de beber a quem tem sede; Dar pousada aos peregrinos; Vestir os nus; Visitar os enfermos; Visitar os prisioneiros; Enterrar os mortos (CIgC 2447). Que cada um de nós se esmere em praticar estas boas obras como um verdadeiro transbordamento da Nossa Esperança, que é Jesus Cristo, a fim de que todos sejam salvos!

Que Maria Santíssima, a Virgem Caridosa e Misericordiosa por excelência, nos ensine a amar o próximo como Ela ama, para que mostremos ao mundo uma fé viva, eficaz e atuante que leve os homens a ver Jesus!

 

Veni Sancte Spiritus!

 

Vinícius Rodrigues Simões

Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL

Grupo de Oração Jesus Senhor

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