No dia 22 de agosto, a Igreja Católica celebra a memória litúrgica de Santa Maria, Rainha, título que reconhece a Mãe de Jesus Cristo como soberana do céu e da terra. A festa foi instituída pelo Papa Pio XII em 1954, por meio da encíclica Ad Caeli Reginam, e, desde a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, passou a ser celebrada oito dias após a solenidade da Assunção de Nossa Senhora, criando uma ligação íntima entre os dois mistérios: a glória de Maria no céu e sua realeza espiritual.

Origem da festa e o impulso de Pio XII

A proclamação oficial da festa tem suas raízes no século XX. Congressos marianos e movimentos de fiéis, como o Pro Regalitate Mariae, liderado em Roma por Maria Desideri nos anos 1930, pediam à Igreja o reconhecimento litúrgico do título de Rainha. O Papa Pio XI já havia aberto o caminho ao instituir, em 1925, a festa de Cristo Rei. Pouco tempo depois, Pio XII atendeu ao clamor popular e estabeleceu a festa de Nossa Senhora Rainha, consolidando uma devoção que já atravessava séculos.

Um dos momentos mais marcantes dessa decisão ocorreu em 1954, quando Pio XII coroou solenemente a imagem de Maria Salus Populi Romani, venerada em Roma. O Papa recordava, em especial, a intercessão da Virgem durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Cidade Eterna foi poupada de uma batalha devastadora.

A realeza de Maria: mãe e serva, rainha e intercessora

Desde os primeiros séculos, os cristãos invocaram Maria como Rainha. A oração da Salve Rainha, rezada até hoje, é testemunho dessa devoção. Segundo a tradição católica, a realeza de Maria deriva diretamente de sua maternidade divina: se Cristo é Rei do Universo, sua mãe, por íntima união, é honrada como Rainha.

Mas não se trata de uma realeza de poder terreno. Maria é lembrada como a rainha humilde, que educa e guia seus filhos para a vontade de Deus. Sua coroa é dupla: virgindade e maternidade divina. Na liturgia, é chamada também de Rainha dos Anjos, dos Mártires, dos Profetas, do Rosário, da Paz, entre outros títulos que expressam sua missão espiritual.

Nossa Senhora Rainha e a paz entre os povos

O título de Rainha está ligado ainda à ideia de mediadora da paz. As aparições marianas ao longo da história, como em Fátima, reforçam esse papel: Maria surge em meio aos pequenos e humildes para transmitir mensagens de oração, conversão e reconciliação. Para Pio XII, instituir a festa era também um gesto de esperança na paz mundial, em tempos marcados pelas guerras e tensões globais.

Neste 22 de agosto, os cristãos são convidados a renovar sua confiança em Nossa Senhora, saudando-a como Rainha e Mãe, aquela que, unida a Cristo Rei, continua conduzindo seus filhos no caminho da graça e da paz.