
Neste domingo, 08 de junho de 2025, a Igreja Católica celebra a Solenidade de Pentecostes, um dos pilares do calendário litúrgico cristão. Cinquenta dias após a Páscoa, esta festa marca a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos com Maria no Cenáculo, um evento que não apenas cumpriu a promessa de Jesus, mas também deu início à missão evangelizadora da Igreja no mundo.
A origem: O Sopro Divino em Jerusalém
A palavra “Pentecostes” deriva do grego “Pentecoste”, que significa “quinquagésimo dia”. A celebração tem suas raízes na festa judaica das Semanas (Shavuot), que ocorria cinquenta dias após a Páscoa judaica e comemorava a entrega da Lei a Moisés no Monte Sinai. Para os cristãos, Pentecostes adquire um novo e profundo significado: a efusão do Espírito Santo, a Nova Lei inscrita nos corações.
O livro dos Atos dos Apóstolos (At 2, 1-11) narra o acontecimento de maneira muito vivida: “Estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Judeus devotos de todas as nações, presentes em Jerusalém, ficaram espantados ao ouvir os apóstolos falarem das maravilhas de Deus em suas próprias línguas, acabando com a confusão de Babel e inaugurando a universalidade da mensagem cristã.
O significado teológico: O dom do Espírito Santo
Pentecostes é a celebração da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo. Como afirma o Catecismo da Igreja Católica (CIgC, n. 731), “No dia de Pentecostes, a Páscoa de Cristo completou-se com a efusão do Espírito Santo, que se manifestou, se deu e se comunicou como Pessoa divina”.
Antes de sua Ascensão, Jesus instruiu os apóstolos a permanecerem em Jerusalém para aguardar a promessa do Pai: o batismo no Espírito Santo (At 1, 4-5). Isso porque, este dom os capacitaria a serem suas testemunhas. O Espírito Santo é, portanto, o protagonista da missão da Igreja, Aquele que a sustenta e guia através dos séculos. Ele é a fonte dos diversos dons e carismas na Igreja, distribuídos para o bem comum (1 Cor 12, 3b-7.12-13).
O fim do Tempo Pascal
A Solenidade de Pentecostes encerra o Tempo Pascal, os cinquenta dias de alegria pela Ressurreição de Cristo. A cor litúrgica é o vermelho, simbolizando o fogo do Espírito Santo. Um elemento marcante é o Canto da Sequência “Veni Sancte Spiritus” (Vinde, Espírito Santo), uma oração que invoca os dons divinos. Ao final das celebrações do dia, o Círio Pascal, símbolo de Cristo Ressuscitado, é apagado, significando o fim do tempo litúrgico específico da Páscoa. E as leituras bíblicas da Missa de Pentecostes aprofundam sobre o mistério celebrado: a narrativa da descida do Espírito em Atos, a reflexão de São Paulo sobre os dons espirituais e a unidade do Corpo de Cristo. Por fim, o Evangelho de João (Jo 20, 19-23 ou Jo 15), relata Jesus soprando sobre os apóstolos no dia da Ressurreição, conferindo-lhes o Espírito Santo e o poder de perdoar pecados.
A celebração de Pentecostes não é apenas a memória de um evento passado, mas a renovação da experiência da presença e da ação do Espírito Santo na Igreja e no mundo hoje. Que neste Pentecostes de 2025, cada fiel possa abrir o coração à ação transformadora do Espírito Santo, pedindo seus dons para viver a fé com renovado ardor e para colaborar na construção de um mundo mais justo e fraterno, segundo o coração de Deus.
Veni, Sancte Spiritus!