“Percorrendo a cidade e considerando os monumentos do vosso culto, encontrei também um altar com esta inscrição: A um Deus desconhecido. O que adorais sem o conhecer, eu vo-lo anuncio! O Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da terra…” (At 17, 23-24a).
Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Ainda impulsionados pela ordem que Deus deu ao profeta Jonas e também a nós – “Levanta-te! Vai a Nínive e anuncia-lhes o que te ordeno” (Jn 1,2; 3,2) –, queremos nos aprofundar um pouco mais no Verbo “Anunciar”.
Temos visto que o anúncio feito pelos cristãos evoca ao menos três dimensões bem definidas e interdependentes: o testemunho coerente de vida, a proclamação verbal da Palavra de Deus e, por fim, as obras que praticamos em favor dos homens. Inspirados, pois, na belíssima narração do Apóstolo São Paulo no areópago ateniense, queremos tratar nesta carta da importância fundamental da proclamação, do anúncio verbal da Palavra de Deus, que nunca deve entrar em fase de afrouxamento na Renovação Carismática Católica. Tornar Deus conhecido, anunciar Aquele a quem todos buscam ainda que, por vezes, sem o saber constitui missão essencial da Renovação Carismática Católica, como Igreja que é!
A este respeito o Papa Bento XVI assim escreveu em sua Exortação Apostólica Verbum Domini: “A Igreja é, na sua essência, missionária. Não podemos guardar para nós as palavras de vida eterna, que recebemos no encontro com Jesus Cristo: são para todos, para cada homem. Cada pessoa do nosso tempo – quer o saiba quer não – tem necessidade deste anúncio. (n. 91). Portanto, o farol marítimo para os homens errantes nas tormentas do mundo é a Igreja da Palavra, cristãos imbuídos da Palavra eterna de Deus. É a Palavra de Deus que mantém viva a chama da esperança, renova a alegria e nos projeta para os Seus planos e promessas. O mundo deve se mover pelo poder da Palavra de Deus e os cristãos devem enchê-lo dessa Palavra!
Quando a Palavra de Deus é proclamada e pregada, se torna matéria-prima para fazer novas todas as coisas. A Palavra de Deus soergue o abatido, pois sempre vem acompanhada de poder. Nesse sentido, uma boa pregação nos eleva e nos leva a querer vivenciar a mensagem que nos foi dirigida. Devemos, pois, pregar aquilo que Deus está falando e não palavras-chave, frases de efeito ou notas pessoais. Além disso, não se trata apenas de dar informações e transmitir conhecimentos, mas levar as pessoas a entenderem o desejo de Deus a seu respeito. A Palavra de Deus deve ser pregada desafiando-nos a uma mudança, e com integridade, sem falsos moralismos, ideologias que não raro geram verdadeira resistência à mensagem e divisão. O centro da mensagem da evangelização não é o pensamento do pregador ou suas características e visão pessoais, mas unicamente o Verbo que se fez carne e que é anunciado pela Mãe Igreja.
A urgência de tal anúncio é realçada tanto pelo Concílio Vaticano II quanto pelo Magistério do Papa São Paulo VI. Acerca do Concílio o Decreto Ad Gentes assim prescreve: “A Igreja reconhece que ainda lhe resta por realizar uma grande tarefa missionária. Há bilhões de pessoas – e este número aumenta a cada dia – que ainda não ou muito pouco ouviram a mensagem evangélica” (n. 10). Por sua vez, em sua Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi São Paulo VI nos ensina que “a apresentação da mensagem evangélica não é para a Igreja uma contribuição facultativa: é um dever que lhe incumbe, por mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens possam acreditar e ser salvos. Sim, esta mensagem é necessária, ela é única e não poderia ser substituída. Assim, ela não admite acomodação. É a salvação dos homens que está em causa.” (n. 5). Portanto, cada batizado consciente deve se sentir convocado a anunciar Jesus a todos, com criatividade do Espírito, com ousadia apostólica e com profecia no olhar, sem temer aos aparentes fracassos inerentes à missão.
Acerca da universalização da Palavra de Deus, o saudoso Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, nos diz que “a intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade itinerante. Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo.” (n. 49). É que não devemos escolher lugares, situações ou pessoas para evangelizar. Sempre, em todos os lugares devemos ser instrumentos do amor de Deus, de Sua mensagem de salvação e de nada, absolutamente nada, temos a nos envergonhar.
Que Maria Santíssima, a Mãe de Pés Ligeiros, nos ajude a ir ao encontro das pessoas para levar-lhes Jesus, que faz os corações estremecerem de alegria, à exemplo de sua prima Isabel.
Veni Sancte Spiritus!
Vinícius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL
G.O Jesus Senhor