
A Solenidade da Ascensão do Senhor, celebrada 40 dias após a Páscoa, marca um dos momentos mais significativos da fé cristã: a entrada definitiva de Jesus Cristo na glória do Pai, não apenas como Filho de Deus, mas também levando consigo a natureza humana. Ao ser elevado ao céu diante dos discípulos (cf. At 1,9), Jesus inaugura uma nova etapa na história da salvação, abrindo caminho para a Igreja e para a missão de cada cristão no mundo.
Embora permeada por mistério, essa celebração é motivo de profunda alegria e esperança. Conforme ensina São Leão Magno, papa do século V, “a Ascensão de Cristo é também a nossa exaltação”. Cristo subiu aos céus com o mesmo corpo com que ressuscitou, e isso significa que a humanidade está, agora, sentada à direita do Pai. São Leão Magno, ensinava que, “ao subir aos céus, Cristo pôs fim à sua presença corporal, mas começou a estar de forma mais íntima, mais divina, junto ao seu povo”.
Nos primeiros séculos do Cristianismo, a Ascensão era celebrada de forma unida à Páscoa, como uma única festa de exaltação do Cristo glorificado. A Carta de Barnabé, do século II, já apontava que o “oitavo dia” (o domingo) era o tempo da alegria pela ressurreição e subida do Senhor ao céu. Santo Agostinho também compreendia a Ascensão como parte do mistério pascal e exortava os cristãos a elevarem o coração às realidades celestes: “Onde está a Cabeça, ali também será levado o Corpo. Cristo é a Cabeça; nós somos os membros”.
Antes de subir aos céus, Jesus confiou aos discípulos uma missão: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). A Ascensão, portanto, não marca uma ausência, mas um envio. Pela ação do Espírito Santo, que será derramado no Pentecostes, os fiéis se tornam testemunhas da ressurreição e sinais vivos da presença de Cristo no mundo.
Assim, a solenidade da Ascensão convida os cristãos a erguerem os olhos para o alto, sem perder de vista a missão aqui na terra. “Ainda que os fiéis passem como peregrinos pelo vale deste mundo, muitas vezes de lágrimas e de cruzes, a vista para o alto, onde está Jesus, dá força para prosseguir”, ensinava São Leão Magno.