“O Reino dos céus será semelhante a dez virgens, que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo. Cinco dentre elas eram tolas e cinco, prudentes. Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram óleo consigo. As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as lâmpadas. Tardando o esposo, cochilaram todas e adormeceram. No meio da noite, porém, ouviu-se um clamor: Eis o esposo, ide-lhe ao encontro. E as virgens levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas. As tolas disseram às prudentes: Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas se estão apagando. As prudentes responderam: Não temos o suficiente para nós e para vós…” (Mt 25, 1-9a).
Caríssimos irmãos e irmãs, a Paz de Cristo!
Por meio da Parábola das Virgens Prudentes o Senhor nos alerta a estarmos sempre preparados interiormente não somente para a Sua segunda vinda gloriosa por entre as nuvens ou mesmo para o nosso encontro com Ele em virtude de nossa morte – embora estas sejam duas verdades inevitáveis e absolutamente certas –, mas também para a Sua manifestação sempre maravilhosa e gloriosa em nossa vida cotidiana. Estando no limiar do Tempo Litúrgico do Advento, em preparação para o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, esta Parábola também se coloca como uma das mensagens centrais para a nossa reflexão e preparação espiritual.
Com efeito, o Senhor sempre “vem” em nossas vidas e nossas lâmpadas devem estar sempre à mão. Mas o que seriam essas lâmpadas? A lâmpada é o nosso coração, é a nossa disposição interna, é o nosso “homem interior” (cf. II Cor 4,16), é o nosso “sim” constante a Ele. Com esta lâmpada à mão devemos “sair ao encontro do esposo”, isto é, o nosso coração deve estar sempre voltado para o Senhor e em busca Dele, em adoração, em alegre submissão a Ele, em feliz expectativa pelo encontro com Ele. E qual é o óleo a abastecer esta lâmpada? Fundamentalmente são as virtudes da Fé, da Esperança e da Caridade, mas também o nosso compromisso com a santidade, a nossa adesão e submissão incondicional ao Seu senhorio, o nosso amor a Deus sobre todas as coisas, o nosso ardor missionário e disponibilidade total a Ele.
Lâmpadas sem óleo são lâmpadas se apagando em virtude das diversas situações do dia a dia, das tempestades da vida, das provações a que todos estamos sujeitos neste mundo, das decepções com pessoas, das nossas próprias fragilidades, da relativização da fé e da esperança, das divisões que nos apartam da comunidade cristã, enfim, armadilhas que geram em nós uma profunda sonolência espiritual e uma certa insensibilidade ante à iminente vinda do Senhor. A Parábola, porém, nos exorta e estarmos sempre prontos, abastecidos e em expectativa para a ação iminente de Deus em nossa vida. Há uma canção católica antiga, cujo refrão canta o seguinte: “Não deixa a lamparina apagar, pois ninguém sabe a hora em que o Noivo vai chegar!”
Outro ensinamento importante que esta Parábola nos dá é o de que ninguém pode manter uma reserva de óleo por nós. As virgens imprudentes até pediram que as prudentes dividissem suas reservas de óleo com elas, mas isto lhes foi negado. É que ninguém pode crer, esperar, amar, ter ardor, dizer sim a Deus, ser santo, servi-Lo por nós. Este é um ato individual, personalíssimo! Por isso, mantenha sempre abastecida tua lamparina espiritual e dela jamais te descuides!
O batismo no Espírito Santo é esta experiência maravilhosa de inundação e impregnação do Amor de Deus, uma verdadeira efusão transbordante, que faz jorrar do nosso interior mananciais de Água Viva (cf. Jo 7, 37) e que, ao mesmo tempo, mantém viva a chama do dom de Deus (cf. II Tm 1, 6) em nós. Diante das insensibilidades que podem nos atingir ante à “demora” do Noivo, peçamos, pois, com fé: “Vem, Espírito Santo!”
Manter viva a chama é um desafio para toda a vida espiritual, independentemente de determinada missão, cargo eclesiástico ou pastoral ou qualquer outra variável. Manter viva a chama do Amor de Deus é algo vital para a nossa fé, é algo que nos garante impulso até à chegada ao céu. Daqui a poucos dias concluo a missão de coordenador nacional da RCCBRASIL, pelo que muito louvo a Deus e agradeço aos irmãos por tanto carinho, amor, apoio e compreensão dispensados. Reafirmo meu compromisso com o Senhor de manter sempre acesa a minha lâmpada espiritual e meu desejo é que toda a Família Carismática brasileira jamais deixe a chama se apagar. Vida Longa aos Carismáticos!
Que Santíssima Virgem, a Senhora da Candelária (das Candeias ou da Luz, como também conhecida esta devoção), interceda por nós para que jamais deixemos nossas lamparinas se apagarem por falta de óleo.
Veni Sancte Spiritus!
Vinícius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL
Grupo de Oração Jesus Senhor