Neste 23 de junho, data em que celebramos o nascimento de Santa Elena Guerra, recordamos não apenas o início de sua vida terrena, mas também o legado espiritual que ela deixou para a Igreja, especialmente para a Renovação Carismática Católica. Conhecida como a “Apóstola do Espírito Santo”, sua história inspira fiéis em todo o mundo a buscarem um novo Pentecostes. Mas, afinal, por que há tantas datas relacionadas à sua memória? Neste artigo, você vai compreender melhor as origens dessas datas, sua importância espiritual e o papel de Santa Elena na missão carismática.

Uma santa, muitas datas

Santa Elena nasceu em 23 de junho de 1835, faleceu em 11 de abril de 1914 (um Sábado de Aleluia), foi beatificada em 26 de abril de 1959 e canonizada em 20 de outubro de 2001. Essa multiplicidade de datas contribui para uma devoção que transborda o calendário litúrgico, revelando a força de seu legado espiritual, mas também causa confusão.

Segundo a coordenadora da Comissão de Formação da RCCBRASIL, Daiana Rehbein, a confusão é compreensível, mas precisa ser mais bem orientada. “Santa Elena faleceu em um Sábado de Aleluia, o que dificultava sua celebração nesse tempo forte da liturgia da Igreja. Por isso, desde o início, a congregação encontrou uma data fora desse período: o dia 23 de maio”, explica.

O Padre Pablo Zanini, da Arquidiocese de Santa Maria (RS), confirma que a data litúrgica oficial é e sempre foi 23 de maio, como determinado pelo Papa João XXIII, que beatificou Elena Guerra. “Não se trata de uma celebração diferente em países distintos. A confusão acontece porque a maioria dos santos é celebrada no dia da sua morte, o que não foi possível no caso dela. Assim, alguns passaram a divulgar informalmente o dia 11 de abril como data comemorativa”, esclarece.

A importância do dia 23 de maio

A opção pelo 23 de maio não foi aleatória. Além de evitar conflitos com a Semana Santa, a escolha carrega forte simbolismo espiritual e afetivo. “As primeiras irmãs da congregação de Elena Guerra sugeriram esse dia porque a santa nasceu no dia 23 (de junho), e porque a primavera era sua estação preferida. Ela mesma usava a expressão ‘primavera do Espírito’ para se referir à renovação da Igreja. Maio, na Itália, é primavera e, por isso, as irmãs queriam que suas escolas pudessem celebrar a fundadora no período de férias escolares”, detalha o padre.

Devoção crescente na RCCBRASIL

No Brasil, a devoção a Santa Elena Guerra tem se intensificado nos últimos anos, sobretudo dentro da RCC, que vê na santa um ícone da missão carismática. “Elena Guerra é uma inspiração para nós. Por ser uma pessoa comum, assim como ela dizia, vemos que Deus se usa de pessoas comuns em Sua obra. Deus usa de nós, apesar de nossas fragilidades, fraquezas e nossas misérias. Quando nos colocamos a serviço, Ele derrama sua graça e dirige os nossos passos.”, afirma Daiana Rehbein.

Ela destaca que a vida e a missão da santa italiana estão presentes nos materiais formativos da RCCBRASIL, com citações ao longo do Módulo Básico,  nos conteúdos do Grupo de Perseverança e, mais recentemente, o lançamento de um livro Santa Elena Guerra – E logo será primavera, um Pentecostes sem fim” e a criação de um curso online pelo Instituto  de Ensino a distância (IEAD). “Nossa missão é ecoar a missão e a vida de Santa Elena Guerra para tornar o Espírito Santo ainda mais conhecido, invocado e pregado nesse mundo onde nós vivemos”, reforça Daiana.

Mais que uma data, um chamado

Santa Elena Guerra é conhecida como a “Apóstola do Espírito Santo” e foi responsável por influenciar diretamente o Papa Leão XIII, a quem escreveu diversas cartas pedindo que convocasse os católicos do mundo a se voltarem de novamente ao Espírito Santo. Esse apelo resultou na histórica invocação do Espírito Santo sobre o século XX, feita pelo pontífice no dia 01 de janeiro de 1901, gesto que está intimamente ligado ao surgimento da Renovação Carismática Católica no seio da Igreja, alguns anos mais tarde.

Para Daiana, entender o valor das datas em torno da história de  Elena Guerra ajuda a organizar a vivência litúrgica, mas não limita a espiritualidade do povo. “Podemos recordar sua morte, seu nascimento, sua beatificação… mas a memória litúrgica celebramos no dia 23 de maio. O mais importante é saber que a vida de santidade de Elena Guerra, essa pessoa tão especial para a Renovação Carismática, por meio de sua intercessão e missão, foi um grande instrumento para o retorno da Igreja ao Espírito Santo e serve de inspiração para nosso Movimento”, conclui.